Apesar de custar milhões aos cofres públicos, judiciário piauiense demora 3 anos para emitir uma sentença
Esse é o tempo
médio para quem tem qualquer ação na vara comum da fazenda pública. já nos
juizados especiais, a média é de 2 anos.
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Assessoria Jurídica do SINDSERM |
Diariamente
o SINDSERM recebe dezenas de servidores em busca da nossa assessoria jurídica,
para resolver diferentes ações, no que diz respeito às demandas trabalhistas.
Atualmente, temos pelo menos 300 ações judiciais individuais e outras 50 ações
coletivas ainda em andamento, aguardando resposta do judiciário. A mais antiga
já está a quase 14 anos tramitando e, além disso, na vara comum da fazenda
pública o tempo médio de uma sentença é de cerca de três anos, já nos juizados
especiais a média é de 2 anos.
O
longo tempo de espera chega até a desestimular muitos servidores e não é para
menos, entretanto, a ação jurídica ainda é de fundamental importância para
garantia dos nossos direitos trabalhistas e não devemos abrir mão disso. Pelo
contrário, devemos cobrar do judiciário uma maior eficiência na execução dos
processos.
A
morosidade e ineficiência do judiciário brasileiro são comprovadas diariamente
por quem procura e precisa da justiça. Atualmente, o Brasil tem cerca de 99 milhões de processos encalhados. Só em 2014 foram
cerca de 28 milhões de novas causas que chegaram aos tribunais e a taxa de
congestionamento, índice que indica quantos casos nunca tiveram qualquer
decisão, chega a 71%.
Não
é de se admirar que muitos processos judicias ainda demorem décadas para ter uma
sentença, sem contar que o Judiciário piauiense tem criado diversos mecanismos de
burocracias, que tem dificultado a atuação dos advogados em geral, o que inclui
os advogados do SINDSERM.
De
acordo com Mariana Moura, uma das advogadas do SINDSERM e especialista em
direitos humanos, um exemplo desses mecanismos é a negação do direito de acesso
a justiça gratuita para quem vai acompanhado por advogado particular, quando
não, demora em despachar os processos de gratuidade formulados.
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Processos aguardando julgamento |
“A
este respeito é importante mencionar que segundo o próprio Conselho Nacional de
Justiça – CNJ, a justiça piauiense é uma das mais caras do Brasil. A exemplo, o
custo inicial de um mandado de segurança é em torno de R$ 220,00. O entrave
inicial acerca das custas dispende muito tempo, fator que atrasa muito o
andamento do processo”, afirma.
Em
2015, pelo menos 15 processos acompanhados pelo Sindicato foram arquivados, sem
julgamento do mérito, com a justificativa de que os comprovantes de endereço
apresentados pelas partes não estavam em seu nome próprio, e sim em nome de
familiares, o que é inadmitido no juizado especial da fazenda pública do TJPi.
“São
esses empecilhos que atrasam e muito nossos processos. Tem sido feitas
reclamações e representações junto ao CNJ, em virtude da demora nos julgamentos
dos processos. Todavia todos os juízes representados acabaram no momento do
julgamento das ações por indeferir os pedidos feitos, fato que demonstra certa
represália por parte dos Magistrados”, afirma a advogada.
Sem
contar que o serviço não anda de forma imparcial como deveria. Infelizmente as
decisões acabam acontecendo a partir de relação de influência entre os poderes.
Um exemplo disso são as últimas três últimas decisões com relação à greve da
categoria, onde a prefeitura usou de informações falsas para fundamentar a
argumentação falsa e ainda ganhou as ações.
Pelo menos 76 magistrados piauienses
tiveram remuneração superior a R$ 100 mil mês passado
Não
bastasse tudo isso que já foi exposto acima, os magistrados ainda formam uma
classe superprivilegiada, se comparada ao restante da população brasileira. Só
para se ter uma ideia, no mês passada (dezembro de 2016), pelo menos 76
magistrados do Piauí, entre juízes e desembargadores, receberam rendimentos
brutos em valores superiores a R$ 100 mil.
O
valor despedido pelo Judiciário somente com pagamento de magistrados, em
dezembro, somou R$ 14,7 milhões. O total da folha salarial no último mês do ano
foi de R$ 58,2 milhões. Os dados estão disponíveis no próprio site
do Tribunal de Justiça do Estado e indicam que o maior valor pago em
dezembro foi para a juíza Maria das Neves Ramalho Barbosa Lima, cujo valor
bruto da remuneração somou R$ 229.614,70, seguida pelo juiz José Wagner
Linhares, com R$ 184.480,19 e pelo juiz Carlos Augusto Nogueira, com
R$ 175.683,40.
O site “Carta Capital” divulgou, no final do ano passado, uma
prévia da pesquisa “Abrindo a caixa-preta: três décadas de reformas do sistema judicial do Brasil”, uma parceria entre Luciano da Ros,
professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Matthew Taylor, da
Universidade Americana, de Washington.
Nela consta o preço do judiciário brasileiro. Em 2014, o
sistema consumiu 68,4 bilhões de reais em verbas públicas, o equivalente a 1,2%
das riquezas produzidas pelo País no período. A conta inclui as repartições
federais, estaduais, trabalhistas, eleitorais e militares. E não leva em conta
o Supremo Tribunal Federal e seus 577 milhões de reais de orçamento.
Trata-se do Judiciário mais caro do mundo, ou ao menos do
Ocidente. E não se farta. Quer mais dinheiro, não para acabar com a ineficiência e a morosidade dos tribunais. A pesquisa compara os
gastos com outros países e o Brasil dispara na liderança. O gasto é de 0,32% do
PIB na Alemanha, de 0,28% em Portugal, de 0,19% na Itália, de 0,14% na
Inglaterra e de 0,12% na Espanha. Nos Estados Unidos, 0,14%. Na América do Sul,
a Venezuela consome 0,34%, o Chile, 0,22%, a Colômbia, 0,21%, e a Argentina,
0,13%.
Se os tribunais funcionassem, o pesado fardo financeiro até
poderia ter uma justificativa, mas não é o caso. “Nosso Judiciário é caro e não
se reverte em serviços prestados. Ele não se vê como prestador de serviço
público”, disse Luciana Gross Cunha, coordenadora do Centro de Pesquisa
Jurídica Aplicada da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, em entrevista à
Carta Capital.
Ainda assim, cabe lembrar que existe dentro do próprio judiciário,
uma disparidade muito grande no nível de salario entre juízes, técnicos e
administrativos, que de fato, fazem o judiciário andar, mesmo que
precariamente. É fundamental a luta e organização desses trabalhadores para
melhoria do funcionamento desse serviço.
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