Estudantes narram cenas de terror na Custódia e pedem psicólogo
REAJUSTE E INTEGRAÇÃO: Manifestantes presos em ato contra aumento falaram sobre agressões e traumas.
Seis dos oito manifestantes presos durante as manifestações contra o aumento da passagem de ônibus compareceram à entrevista coletiva no Sindicato dos Correios. Eles foram soltos ontem, após passarem dois dias na Casa de Custódia e Penitenciária Feminina. Os manifestantes relataram as agressões sofridas dentro dos presídios e afirmaram que estão traumatizados e que precisam de psicólogos.
Fotos: Evelin Santos/Cidadeverde.com
Compareceram à coletiva: Helena Sá, 23 anos, Kevin Nogueira, 20 anos, o professor Sá Batista, Socorro Santana funcionária pública, o estudante de inglês da Uespi, Antônio Wilson Freire e Álamo Sousa, 19 anos, estudante de Direito da Faculdade Santo Agostinho.
Relatos das horas no presídio
Segundo os estudantes, foram proferidas por policiais militares e agentes penitenciários frases de efeitos ameaçadoras, como: “bem-vindos ao inferno” e “se olhar pra mim apanha”.
“Falaram para gente, que lá era tudo 'sim senhor' ou 'não senhor'. Tive minha calça jeans rasgada, porque deveria estar usando bermudas. Fomos colocados no pavilhão G, junto com os presos mais perigosos, separados apenas por celas. Fomos algemados nas mãos e nos pés, tratados como bichos. Dormimos no beliche de cimento, sem colchão, na pedra. Não tinha água nem sabão, nem café, quem nos deu isso foram os outros presos. O chuveiro era só um buraco na parede, que caia água durante dez minutos por duas vezes. O sanitário era um buraco no chão, rodeado por cerâmica”, contou Antônio Wilson.
Os manifestantes também relataram casos de agressão física. "Durante a vistoria, alguns PMs encapuzados entraram na cela e nos agrediram. Eu mesmo levei um chute nas costas. Um outro estudante, levou um tapa na cara. As agressões foram muitas, tivemos nossas roupas rasgadas", narrou Álamo.
Antônio Wilson acrescentou que chegou a passar mal pela falta de condições dentro do presídio. "Resolveram depois trocar a gente de pavilhão. Fomos para um pavilhão de presos que já estavam saindo. No caminho passei mal, estava muito quente, meus pés estavam machucados por causa das algemas, inchados. Fomos mais respeitados pelos presos que pela polícia".
Os estudantes caracterizaram as horas passadas no presídio como algo "muito bruto e violento" e se dizem "traumatizados" com os últimos acontecimentos. "Precisamos de um psicólogo", afirmaram.
Momento das prisões
Todos os manifestantes presentes na coletiva afirmaram que não deram motivos para serem presos. Um deles, Antônio Wilson, garantiu que não havia chegado a participar dos protestos. "Eu não participei nenhum dia, mas a Frei Serafim era rota obrigatória para minha volta para casa depois da aula. No dia que fui preso, tinha avistado um homem com o olho sangrando e fui ajudar. Depois comecei a filmar e veio um PM querendo me impedir. Já foi logo me levando preso, sem perguntar nada".
Já Álamo contou que participou do movimento, mas disse que já estava voltando para casa quando foi abordado pela polícia. "Eu já estava no mototáxi, indo para casa. Aí chegou um PM, me deitou no asfalto e me revistou. Ele disse que já tinha prova contra mim". O estudante acrescentou que jamais ajudou em depredações ou agressões.
Helena Sá, filha da professora Lourdes Melo, contou que no momento de sua prisão, estava sentada na Frei Serafim. "Eu estava lá, com uma vela na mão. Não estava agredindo ninguém, nem nada do tipo", explicou.
Faltas
Dois dos manifestantes, por temerem represália, foram orientados por seus advogados a não comparecerem, já que o alvará de soltura proíbe a participação em manifestação. Os advogados acreditam que possam interpretar a coletiva como uma manifestação. A informação foi dada pela organização da coletiva. A coletiva estava prevista para as 11h, mas começou pouco mais de meio-dia.
Persistência
A manifestante Socorro Santana garantiu que nenhum dos presentes na coletiva vai deixar de participar do movimento estudantil, apesar da condição imposta pela justiça para a liberação dos presos. "Eu não tenho medo, vou até o fim. O movimento não vai se intimidar", destacou a funcionária pública.
Fonte: Cidadeverde.com
Fonte: Cidadeverde.com
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