SINDSERM promoveu no dia 07 de março o debate Mulheres Trabalhadoras, a crise econômica mundial e criminalização das lutas!
Governo Dilma e o “empoderamento” das mulheres:
por que não podemos acreditar neste discurso*
Atualmente,
muitas mulheres têm assumido cargos de relevância mundial, inaugurando a versão
feminina da administração da crise e implementação do receituário do FMI, omo fazem a presidente da Argentina Cristina
Kirchner, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton e Michelle Bachelet
na política de empoderamento de mulheres da ONU. No Brasil, Dilma inaugura uma
série de índices que a primeira vista poderiam ser animadores: é a primeira
mulher a governar o Brasil, foi a primeira mulher a fazer uma abertura da
Assembleia-Geral da ONU (novembro de 2011), tem no seu governo o maior número
de mulheres ocupando cargos nos ministérios. Mas, infelizmente, o governo Dilma
vem acompanhado do cumprimento de acordos com a bancada ruralista do agronegócio,
a bancada religiosa conservadora e todos os agentes do capitalismo sejam eles
especuladores, banqueiros e multinacionais. Neste sentido, o que temos visto ao
longo desse governo é a continuidade do plano econômico privatista, cortes nos
investimentos públicos e muitas ações de ataques à classe trabalhadora. Para as
mulheres a situação ainda é mais difícil. A falta de creches, a falta de
assistência à saúde, os elevados índices de violência contra a mulher
acompanhado de exploração, assédio sexual e moral são os indicadores que marcam
a vida das mulheres da classe trabalhadora. Dilma não só abandonou o debate sobre
a descriminalização do aborto como agora segue avançando com uma MP (557 - Cadastramento
de Mulheres Grávidas) que claramente tende a criminalizar as mulheres que
praticarem o aborto. Dos recursos destinados a construção de creches pelo
Programa Pró infância que tem como meta a construção de 6427 novas creches, no
primeiro ano de governo Dilma nenhuma foi entregue. Estamos entrando no segundo
ano de Governo Dilma, tempo suficiente para analisar as ações do seu governo e
saber de que lado Dilma está. A primeira mulher presidente do Brasil governa para
banqueiros, multinacionais, especuladores, grandes empresários e exploradores da
classe trabalhadora.
Logo no inicio de 2012 o episódio da violenta
desocupação de Pinheirinho (Bairro oriundo de ocupação urbana em São José dos Campos
– SP) deixou todos os brasileiros estarrecidos e indignados com tamanha
brutalidade do capitalismo. Ficou explicito o conflito entre o direito a
moradia em confronto com a especulação imobiliária. O brutal despejo de
mulheres, crianças, idosos, homens e jovens orquestrado pelo governo, pelo
aparelho jurídico e repressor do Estado de São Paulo foi executado em total
omissão do governo federal. Enquanto mulheres eram estupradas, crianças levavam
tiros de balas de borracha, idosos eram espancados, homens e mulheres eram
presos, a presidente Dilma limitou-se a realizar declarações de lamento sobre
Pinheirinho omitindo-se plenamente dos seus poderes de presidente. Diante disto
reafirmamos que não basta ser mulher, é preciso ter postura de classe, e
unicamente de classe trabalhadora. Lamentavelmente a chegada de mulheres aos
postos de governo não materializa avanços concretos para as mulheres
trabalhadoras, uma vez que o Estado está a serviço de uma classe para explorar e
oprimir outra. Assim, Dilma assume a defesa dos interesses do grande capital e da
manutenção deste sistema capitalista, justamente porque está a frente de um
Estado burguês,
machista, patrimonialista, paternalista, opressor e explorador, ou seja, um
Estado que aprofunda a miséria das mulheres trabalhadoras em todo o Brasil à
proporção que Dilma, enquanto mulher, já provou de que lado está. Neste dia
internacional da mulher estamos nas ruas para denunciar de que lado Dilma está,
para quem ela realmente governa e exigir que seja aplicado um programa de
governo que realmente atenda a classe trabalhadora.
Coletivo Gênero e Classe do SINDSERM
*Texto originariamente publicado no boletim 8 de março do SINDSERM
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