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50 anos de Stonewall: a luta apenas começou!

Em 28 de junho de 1969, há exatamente 50 anos, aconteceu uma das maiores revoltas nos Estados Unidos da América que se espalhou por todo o mundo, se tornando um símbolo da luta contra LGBTQIfobia, contra opressores, fundamentalistas religiosos e grupos fascistas.

Stonewall representa um grito contra toda forma de opressão. Se naquela época a palavra de ordem “ser homossexual é bom!” já gerava burburinho no seio da classe burguesa na figura de McCarthy (que possuía políticas anti-homossexuais e propagandeava o ódio contra  LGBTQI+), por outro lado, os enfrentamentos cresciam em busca de conquista de direitos que exigiam a retirada da homossexualidade do rol de doenças pela Associação Americana de Psiquiatria, fim da repressão policial, o fim da discriminação no emprego e na habitação.


50 anos após esta data histórica precisamos ainda lutar para sermos “aceitos”. A comunidade LGBTQI+ é ainda obrigada “a viver em uma prisão invisível”, por medo das agressões físicas ou psicológicas que nos fazem perder muitos de nossos companheiros e companheiras, seja pelo suicídio ou homicídios com requinte de crueldade. Esse cenário de violência e ódio se perpetua em conjunto com outras opressões que sustentam o capitalismo.

Em 2018, conforme o relatório do Grupo Gay da Bahia, tivemos 445 mortes de LGBTQI+ em sua maioria Gays e Transexuais. Infelizmente as estatísticas recolhidas pelas organizações LGBTQI+ não alcançam a dimensão real do preconceito e das opressões vivenciadas pela comunidade LGBTQI+, pois as informações coletadas advém da imprensa e em muitos casos não são tratados como caso de discriminação. Ao analisar as informações prestadas pelo GGBahia, 12,3% da comunidade LGBTQI+ são negros, temos uma situação contraditória, devido que maioria da população brasileira é negra e de mulheres, ou seja, um LGBTQI+, que seja mulher, lésbica e negra, sofrerá triplamente formas discriminatórias.

No Brasil a ideia do nacionalismo exacerbado, direitista, bonapartista e fascista de Jair Bolsonaro (PSL) coloca o movimento LGBTQI+ como ponta de lança para justificar as atrocidades do seu governo e legitimar sua política de ódio. Em 2011 afirmou: “Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí!”, em abril de 2019 afirmou: “Brasil não pode ser um país de turismo gay. Temos famílias.”  Bolsonaro, bem como seus ministros, nos atacam pelos fatos de lutarmos para amar quem quisermos, independentemente do viés religioso, cultural e familiar que nos rodeiam.

Entretanto, esses ataques não iniciam de agora. Os governos do PT fizeram concessões com a bancada evangélica em troca de apoio político no Congresso. Não há como esquecer da “Carta ao Povo de Deus” em que o PT se comprometia a apoiar as políticas fundamentalistas de lideranças religiosas e barrar o direito dos LGBTQIs. 

Nestes últimos anos conseguimos arrancar a duras penas algumas vitórias, como a homossexualidade deixou de ser doença de 2002, o casamento de pessoas do mesmo sexo, a adoção por casais gays, a inclusão do procedimento de redesignação sexual feminina na Tabela do SUS e equiparação do crime de homofobia e transfobia ao crime de racismo. São avanços significativos mas não o suficiente para rompermos com LGBTQIfobias e com este sistema capitalista e opressor.

Portanto, eventos como a parada da Diversidade têm que cumprir o seu verdadeiro papel de protesto, tal como foi em Stonewall, de reivindicação da comunidade da LGBTQI+, de denúncia e combate às opressões. A Parada Gay de São Paulo de 2019 contou com mais de 3 milhões de participantes, dando seu recado ao governo fascista e homofóbico de Bolsonaro de que não vamos nos calar, nos tornaremos visíveis e não aceitaremos nenhum direito LGBTQI+ a menos.


Stonewall vive, resiste e ecoa nas ruas, nas nossas bandeiras, em nosso sangue, nos nossos guetos e no mundo.  

Por Thiago Henrique - advogado, militante LGBTQI+ e membro da Assessoria Jurídica do SINDSERM; constrói a organização Ruptura Socialista.

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