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18 de Maio: Manicômios nunca mais!

Na história do Brasil, espaços chamados manicômios foram, muitas vezes, utilizados como instrumentos de repressão e exclusão social. Sob o pretexto do tratamento em saúde mental, essas instituições serviram para isolar, torturar e silenciar pessoas em sofrimento psíquico. Também foram usadas para perseguir politicamente mulheres, pessoas negras, LGBTQIAPN+, ativistas sociais e militantes, ou qualquer pessoa que ousasse desafiar o sistema de opressões em diferentes períodos da nossa história.

O Movimento Antimanicomial surge como resposta a essas violências, defendendo o fim da lógica manicomial e a construção de uma rede de cuidado em liberdade. Luta-se pelo direito à dignidade, à convivência em sociedade e a tratamentos humanizados, sem que ninguém precise renunciar sua cidadania.

O Movimento da Reforma Psiquiátrica surgiu no final dos anos 1970, durante a redemocratização do Brasil, e ganhou força em 1987 com dois marcos importantes: o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru (SP), e a I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília (DF).

Com o lema “Por uma sociedade sem manicômios”, o movimento reuniu profissionais, usuárias(os), familiares e organizações políticas e sociais na luta contra o modelo manicomial, denunciando internações forçadas, torturas e graves violações de direitos humanos.

A principal proposta tinha como objetivo reorganizar o modelo de atenção em saúde mental no país, promovendo uma rede de cuidados comunitários, humanizados e territorializados, que garantam liberdade, dignidade e cidadania às pessoas com sofrimento psíquico historicamente discriminadas e excluídas.

A luta antimanicomial, impulsionada por trabalhadoras(es) da Saúde, familiares, usuárias(os) e organizações, resultou na criação da Lei nº 10.216/2001, conhecida como Lei Paulo Delgado. Ela "dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência em saúde mental".

A aprovação dessa lei consolidou a responsabilidade do Estado na formulação de uma política pública de saúde mental baseada em tratamentos humanizados. Ela previu o fechamento progressivo dos manicômios e hospitais psiquiátricos, bem como a criação de serviços como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Nos últimos anos, as políticas públicas de saúde mental têm sofrido graves retrocessos. Governos vêm ampliando o financiamento a comunidades terapêuticas (CTs) e promovendo internações involuntárias, em desrespeito à Lei da Reforma Psiquiátrica e aos princípios da luta antimanicomial.

De acordo com levantamento da Conectas Direitos Humanos e do CEBRAP, o repasse de verbas do SUS para CTs teve início em 2011, por meio da portaria 3.088 do Ministério da Saúde, sem definição clara de suas funções na Rede de Atenção Psicossocial. A partir de 2017, no governo Temer, e com maior intensidade durante o governo Bolsonaro, os repasses aumentaram, chegando a R$ 560 milhões entre 2017 e 2020.

Muitas dessas instituições, em sua maioria privadas e religiosas, foram denunciadas por violações de direitos humanos. Esse movimento enfraquece os CAPS e reintroduz práticas de exclusão e encarceramento sob o pretexto de cuidado.

Cuidar da saúde mental da classe trabalhadora é lutar por condições dignas de trabalho, por políticas públicas efetivas e por uma rede de cuidado que respeite a liberdade. Sindicato também é trincheira contra os manicômios.

O 18 de maio é mais do que uma data: é um alerta sobre os riscos do isolamento imposto pelo modelo manicomial e uma reafirmação da luta e compromisso com a vida, a dignidade e os direitos humanos.


Fontes: Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde; Conectas Direitos Humanos e do CEBRAP; Presidência da República - Lei 10.216/2.00.

 

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