Coletivo foi lançado neste sábado
(14), em São Paulo, com sindicalistas e movimentos de todo o País.
Leia abaixo
o texto do manifesto
Coletivo Sindical Travessia
Anticapitalista
O momento atual da luta de
classes requer um posicionamento firme e coerente dos coletivos de esquerda que
atuam no movimento sindical e popular. Diante dessa tarefa histórica, reunidos
em outubro na cidade de Vinhedo-SP, lançamos um movimento que objetiva debater
fraternalmente divergências e convergências para construir uma intervenção
unitária nos sindicatos e movimentos. Após construirmos esse primeiro passo, a
próxima etapa é o lançamento de um coletivo sindical e popular de ativistas e
organizações a partir de aproximações de análises da realidade política do país
e do mundo, com a tarefa de fortalecer a resistência dos trabalhadores num
combate econômico e ideológico contra a força cada vez mais agressiva do
capital.
Os recentes acontecimentos na
América Latina, como, por exemplo, o violento golpe na Bolívia que derrubou Evo
Morales e está gerando protestos em todo país. O fechamento do Congresso no
Peru, a derrota de Macri e consequentemente a volta do Peronismo na Argentina,
a vitória da direita no Uruguai, dentre outros, mostram as contradições
latentes no continente, que merecem uma análise mais profunda, para não cairmos
nas ilusões da conciliação de classes e, ao mesmo tempo, acumular forças para
enfrentar a ofensiva da extrema direita.
O Brasil reflete os
desdobramentos da desordem do sistema mundial, que ameaçam hegemonias e da
crise econômica mundial que se arrasta desde 2008. O resultado mais expressivo
desse processo é visível nas ruas de todo país: Milhões de trabalhadores
desempregados, precarizados e com menos proteção social, contribuindo para o
aprofundamento da desigualdade e aumento da concentração de renda. Se, por um
lado, poucas famílias têm uma riqueza material absurdamente exagerada, por
outro, milhões amargam uma vida de sacrifícios e um futuro sombrio.
Derrotar Bolsonaro nas ruas
Esse cenário se agrava com a
ascensão de forças ultrarreacionárias ao governo central do país, que usaram
métodos antidemocráticos, subvertendo o jogo político, à revelia do que está
convencionado na Constituição de 1988, com o com o objetivo de saquear direitos
sociais, reduzir os espaços democráticos, rebaixar o valor do trabalho (menores
salários, maiores jornadas), garantindo fôlego para um novo ciclo de acumulação
de capital.
O golpe de 2016, a atuação
irregular da força-tarefa da Lava-Jato, em especial na prisão de Lula, a
militarização de posições estratégicas do governo federal e a mudança no
arcabouço jurídico e legislativo para permitir que o conjunto da classe
trabalhadora tenha contratos precários, trabalhe até o limite de sua saúde
física e mental e tenha sindicatos mais frágeis, exemplifica o que estamos
constatando na realidade brasileira.
Frente única para lutar
Essa situação nos coloca diante
de uma correlação de forças mais difícil, pois, a luta de classes, mais do que
nunca, exige unidade de ação para conseguirmos mobilizar o maior número
possível de categorias. Colocar multidões em movimento não é uma tarefa para
iniciativas isoladas. Assim, apostamos firmemente na conformação de uma frente
única para lutar, com as centrais, movimentos sindicais, populares, estudantis,
organizações que lutam por direitos civis e democráticos e na defesa do meio
ambiente.
Na luta pelo socialismo
É urgente fortalecer o combate
ideológico. Nosso movimento tem como objetivo a luta pela transformação social,
numa perspectiva anticapitalista e socialista. Não podemos menosprezar a
capacidade das forças do capital em contaminar os trabalhadores com sua
ideologia reacionária que em muitos momentos acabam levando os explorados a
defenderem as ideias de seus próprios algozes. A disputa palmo a palmo contra
as ideias neoliberais e conservadoras é parte das tarefas que queremos assumir.
Combater toda forma de opressão
Achamos imprescindível também
compreendermos as lutas contra as diversas formas de opressão como parte
indissociável das reivindicações da classe trabalhadora. Em nossas fileiras e
iniciativas estarão as lutas: das mulheres, que estão na vanguarda da resistência
em todo o mundo, das e dos LGBTs, das negras e negros, dos imigrantes, dos
povos indígenas e contra o genocídio da juventude negra. Além disso, assumimos
também com importância a luta em defesa do meio ambiente, das reservas
florestais e dos povos originários em geral, sempre numa perspectiva classista.
Todas essas lutas fazem parte da resistência contra forças reacionárias e
conservadoras que avançam em seu projeto excludente de sociedade.
Estamos atentos às mudanças e
transformações estruturais que estão se dando no mundo do trabalho. Isso exige
disposição para transformar a atuação dos sindicatos e das organizações de base
para estender a mão para milhares de trabalhadoras e trabalhadores que estão
desorganizados, sem direito a organização sindical efetiva e que formam uma
massa sem instrumentos de luta. Quanto mais cresce a informalidade, mais os
sindicatos perdem potência e alcance. Essa situação sugere não só uma reflexão,
mas iniciativas que nos permita dialogar, organizar e mobilizar, fortalecendo a
consciência de classe e ajudando no avanço das lutas.
Internacionalismo
Reivindicamos a
internacionalização das lutas, a solidariedade de nossas irmãs e nossos irmãos
trabalhadores de outros países e a organização de calendários comuns
intercontinentais. Avançar em combates de alcance mundial contra as forças
globais do capital é uma responsabilidade de imensa magnitude que faz parte das
tarefas mais importantes da classe trabalhadora.
Nesta perspectiva, é
imprescindível nos preparar para enfrentar o período sombrio, que já se
apresenta de forma brutal, na velocidade assustadora em que ocorre a retirada
de direitos conquistados nas lutas nos últimos 70 anos. Isto implica em nos
solidarizarmos com as lutas e manifestações que hoje levam milhares de ativistas
às ruas em países vizinhos como Chile, Equador e Colômbia, por exemplo, e nos
engajarmos na tarefa de impulsionar a nossa classe para reagir aos ataques do
governo neofascista de Bolsonaro, cujos efeitos nefastos já são indisfarçáveis.
Combate à burocratização
Por fim, acreditamos que dentre
os objetivos de um coletivo sindical e popular, deve estar o combate ao avanço
burocrático que se desenvolve nos sindicatos e nas organizações da nossa
classe. A atenção e cuidado em fortalecer o trabalho de base presencial e pelas
redes sociais., A batalha para criar condições que permitam a participação das
trabalhadoras e trabalhadores nas estruturas de decisão, o respeito ao espaço
dos coletivos e organizações, a liberdade de crítica sem retaliações, o esforço
em formar mais quadros que possam assumir postos de representação, impedindo
personalismos e concentração desmedida de poder, são tarefas que estão em
nossos planos e que precisam ser aprimoradas, refletidas e incorporadas à luz
das mudanças da realidade e de acordo com nossas possibilidades.
Convidamos a todas e todos que
apresentam acordo e simpatia com essas ideias a vir dialogar conosco, somar-se
a esse esforço e dar um passo à frente nos ajudando a construir essa iniciativa
que está aberta aos que estão dispostos a se organizar para lutar.
Lançamento:
14 de dezembro – Sábado, às 18h
Local: Auditório da APEOESP (Praça da República, 282, São Paulo -SP)
14 de dezembro – Sábado, às 18h
Local: Auditório da APEOESP (Praça da República, 282, São Paulo -SP)
Fonte: esquerdaonline.com.br
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