A luta de grupos femininos negros da América
Latina e Caribe começa em 1992, momento de uma história em que os efeitos do
machismo e racismo no patriarcado se destacaram. Esses grupos formaram uma
grande rede de mulheres que lutaram para que a ONU reconhecesse o dia 25 de
julho como dia Latino Americano das Mulheres Negras e Caribenhas. E, desde
2014, no Brasil essa data também celebra o dia Nacional de Tereza de Benguela,
a líder quilombola que no século 18 ajudou comunidades indígenas na luta contra
à escravidão.
A população negra no
Brasil corresponde a mais da metade da população: 54%, de acordo com IBGE.
Ainda segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, essa população
também é a que mais sofre com a pobreza: por aqui, entre os mais pobres, três
em cada quatro são pessoas negras. Nosso país ainda carrega mais dados
alarmantes: mulheres negras ainda são o maior número de vítimas de violência
obstétrica, abuso sexual e homicídio que de acordo com o Mapa da Violência
2016, o feminicídio de mulheres negras aumentou 54% em dez anos no Brasil,
passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013 (enquanto os casos com vítimas
brancas caíram 10%).
Vivendo diariamente com
o preconceito, mulheres negras são excluídas dos meios de comunicação, dos
cargos de chefia e de governo onde frequentemente não se vêem representadas
sequer nos movimentos feministas de seus países. Isso porque a desigualdade
entre mulheres brancas e negras ainda é gigantesca: no Brasil, mulheres brancas
recebem 70% a mais do que negras, segundo a pesquisa Mulheres e Trabalho, do
IPEA publicada em 2016.
O objetivo desta data
não é festejar: a ideia do 25 de julho é espalhar a conscientização. Fortalecer
todas as organizações voltadas às mulheres negras e reforçar seus laços,
trazendo maior visibilidade para sua luta e pressionando o poder público. O
objetivo está na constante luta contra o racismo e na incessante busca por
respeito e representatividade.
Vidas negras importam,
mulheres negras importam. E é dever do poder público garantir seus direitos
básicos como saúde de qualidade, moradia, alimentação e lutar contra as desigualdades
sociais fortalecidas pelo gênero e cor da pele. É direito básico da mulher
negra: sobreviver.
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