No Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, um chamado à luta contra o feminicídio e o extermínio das mulheres trabalhadoras
Ao enxergar nas referências de luta das mulheres, especialmente aqueles capítulos da história marcados pelas lutas das negras, percebemos que há ainda muito para avançar, exigir, reparar e visibilizar a resistência destas personagens pelo Brasil e pelo mundo. São vozes caladas por anos e vidas atingidas ainda mais brutalmente, tendo em vistas estatísticas de violência, desigualdade e opressão por toda a parte promovidas pelo capitalismo e seus agentes estruturais e ideológicos.
Neste dia 25 de julho, data internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebra-se o aniversário do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, e da criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. No Brasil, a data também relembra o dia da líder quilombola Tereza de Benguela. No centro desse calendário, mais do que marcar datas, é importante destacar a luta contra o racismo, xenofobia, machismo e as opressões de gênero e classe.
A data deve servir para denunciar toda a violência, estigmatização e invisibilidade a que são submetidas as mulheres negras ao longo da história. As consequências desses atos tem as condicionado a trabalhos semi-escravistas, baixos salários, desemprego, racismo institucional e prostituição. Os trabalhos domésticos, terceirizados, temporários e sem garantias trabalhistas também estão entre os destinos mais comuns dessa parcela da população, ainda mais reforçados por governos como de Michel Temer (MDB) que massacram ainda mais a população de mulheres, negras e trabalhadoras. Tratadas como mercadoria, os corpos das mulheres negras são exterminados, violentados, assassinados, estuprados. A dor do racismo nas mulheres é sentida na carne.
Dados da Associação Rede de Mulheres Afro-Latinas, Afro-Caribenhas e da Diáspora (Mujeres Afro) apontam que cerca de 200 milhões de pessoas autodeclaradas como afrodescendentes vivem na América Latina e no Caribe, são cerca de 30% da população que tem em comum o desemprego, subemprego, discriminação e violência.
Os dados sobre feminicídio, encarceramento e desemprego são alarmantes e o que é mais grave, cresceram absurdamente durante os últimos 16 anos, segundo o último Mapa da Violência, ou seja nesse período passando por governos do PSDB, PT/PMDB e MDB cresceu o feminicídio entre as mulheres negras, diminuindo entre as não negras em quase 10%, o que nos leva a concluir que existe seletividade racial da violência e no seu combate. A própria ONU e a Comissão para a América Latina e Caribe (CEPAL) destaca que entre os 25 países com maiores índices de feminicídio no mundo, 15 estão na América Latina, sendo o Brasil o campeão em 2013, seguido do México, Honduras e Argentina, isso corresponde aos dados do Mapa da violência de 2015 que apontou que entre 1980 e 2013, 106.093 mulheres foram mortas no Brasil. Foi por isso que o feminicidio foi tipificado como crime no Código Penal em 2015, uma vitória, porém restrita ao âmbito da violência doméstica e familiar, enquanto o Estado é isento de qualquer responsabilidade.
A execução de Marielle Franco durante a intervenção militar, o caso de Ana Claudia, morta e arrastada pelas ruas do RJ por policiais da UPP (Unidade de Policia Pacificadora), de Marise Nóbrega, morta por PM, após ser agredida na cabeça por uma coronhada de fuzil, são alguns casos com requinte de crueldade cometido pela polícia. O Estado que deveria garantir o direito básico à vida das mulheres negras, mata assassina. Por outro lado, não garante o básico que é o acesso a saúde, educação, moradia digna, trabalho e renda.
As estatísticas têm demonstrado que o desemprego e subemprego têm aumentado e afetam de forma mais contundente as mulheres negras, são as primeiras a serem demitidas e superexploradas em tempos de crise. Entre o quarto trimestre de 2014 e igual período de 2017, a taxa de desocupação entre elas passou de 9,2% para 15,9%, aumento de 6,7 pontos percentuais.
Organizar a luta das mulheres negras latino-americanas e caribenhas e em todos os países é urgente. A exemplo de Tereza de Benguela, milhões de mulheres negras em todo o mundo resistem às opressões, ao sofrimento e à desigualdade. Elas mostram sua força e capacidade de luta. São mães, filhas, lgbts, trabalhadoras, jovens, idosas. Mulheres que enfrentam diariamente o desafio de ser mulher negra num mundo tão opressor.
Derrotar as reformas, o racismo, a desigualdade social, o desemprego e o subemprego, e a falta de oportunidade!
Coletivo de Gênero e Classe do SINDSERM
Também com informações disponíveis no site da CSP-Conlutas
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